Fascismo
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Fonte:<
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fascismo>.
Acesso: 18/03/2016
Fascismo é uma forma de radicalismo político autoritário
nacionalista[2]
[3]
que ganhou destaque no início do século XX na Europa. Os fascistas procuravam
unificar sua nação através de um Estado totalitário
que promove a vigilância,[4] um
estado forte, a mobilização em massa da comunidade nacional,[5] [6]
confiando em um partido de vanguarda para iniciar uma revolução e organizar a nação em
princípios fascistas[7]
hostis a todas as vertentes do marxismo, desde o comunismo totalitário
ao socialismo democrático.[8]
Os movimentos fascistas compartilham certas
características comuns, incluindo a veneração ao Estado, a devoção a um líder
forte e uma ênfase em ultranacionalismo, etnocentrismo
e militarismo.
O fascismo vê a violência política, a guerra, e o imperialismo
como meios para alcançar o rejuvenescimento nacional[5] [9]
[10]
[11]
e afirma que as nações e raças consideradas superiores devem obter espaço deslocando
ou eliminando
aquelas consideradas fracas ou inferiores,[12] como
no caso da prática fascista modelada pelo nazismo.[13]
O fascismo tomou emprestado teorias e terminologias
do socialismo,
mas aplicou-as sob o ponto de vista que o conflito entre as nações e raças
fosse mais significativo, do que o conflito de classes e teve foco em acabar com
as divisões de classes dentro da nação.[14]
Defendeu uma economia mista, com o objetivo principal de
conseguir autarquia
para garantir a auto-suficiência, e a independência nacional através de protecionismo
e políticas econômicas que intercalam intervencionismo
e privatização.[15] [16] [6]
O fascismo sustenta o que é, às vezes, chamado de Terceira posição entre o capitalismo e o
socialismo marxista.[17]
Influenciados pelo sindicalismo nacional, os
primeiros movimentos fascistas surgiram na Itália, cerca da Primeira Guerra Mundial, combinando
elementos da política de esquerda[18]
com mais tipicamente a política de direita, em oposição ao socialismo, ao
comunismo, à democracia liberal e, em alguns casos, ao
conservadorismo tradicional. Embora o fascismo seja geralmente colocado na extrema-direita[19] no
tradicional espectro esquerda-direita, alguns comentaristas
argumentam que a descrição é inadequada.[20]
[21]
[22]
[23]
Benito Mussolini, em A Doutrina do Fascismo,
afirmou que o fascismo era uma ideologia de direita.[24] [25]
Etimologia
O termo fascismo é derivado da palavra em latim fasces.[26] um
feixe de varas amarradas em volta de um machado,[27]
foi um símbolo do poder conferido aos magistrados na República Romana de flagelar e decapitar cidadãos
desobedientes.[1]
Eram carregados por lictores e poderiam ser usados para castigo corporal e pena
capital a seu próprio comando.[28]
[29]
Mussolini adotou esse símbolo para o seu partido, cujos seguidores passaram a
chamar-se fascistas.[30]
O simbolismo dos fasces sugeria "a força pela
união": uma única haste é facilmente quebrada, enquanto o feixe é difícil
de quebrar.[31]
Símbolos semelhantes foram desenvolvidos por diferentes movimentos fascistas.
Por exemplo, o símbolo da Falange
Espanhola é composto de cinco flechas unidas por uma parelha.[32]
Definições
Historiadores, cientistas
políticos e outros estudiosos têm debatido por muito tempo a natureza exata do
fascismo.[33]
Cada forma de fascismo é diferente, deixando muitas definições amplas ou
restritas demais.[34] [35]
Roger Griffin descreve o fascismo como "um
gênero de ideologia política cujo núcleo mítico em suas várias permutações é
uma forma palingenética de ultranacionalismo populista".[20]
Griffin descreve a ideologia como tendo três componentes principais: "(i)
o mito do renascimento, (ii) populista ultra-nacionalismo e (iii) o mito da
decadência".[20]
O fascismo é "uma forma verdadeiramente revolucionária, anti-liberal,
multiclasse, e, em última análise, nacionalista anti-conservadora"
construído sobre uma complexa gama de influências teóricas e culturais. Ele
distingue um período entre-guerras quando se manifestou através de
"partidos políticos armados" liderados por elites populistas se
opondo ao socialismo e ao liberalismo e prometendo uma política radical para
salvar o país da decadência.[36]
Emilio
Gentile descreve o fascismo com os seguintes dez elementos constitutivos:[37]
—Emilio
Gentile
|
Stanley
Payne descreve o fascismo em três setores de características: sua ideologia
e objetivos; suas negações; e seu estilo e organização, conforme a seguir detalhado:[38]
- "A. A ideologia e os objetivos"
- "Adoção de uma filosofia idealista, vitalista e voluntarista, normalmente envolvendo a tentativa de realizar uma nova cultura auto-determinada, secular e moderna"
- "Criação de um novo Estado autoritário nacionalista não baseado em princípios ou modelos tradicionais"
- "Organização de uma nova estrutura econômica nacional integrada, altamente regulada, multiclasse; seja chamada de corporativista nacional, nacional-socialista, nacional sindicalista"
- "Avaliação positiva e uso, ou vontade de usar a violência e a guerra"
- "O objetivo do império, expansão ou uma mudança radical na relação do país com as outras potências"
- "B. As negações fascistas"
- "Antiliberalismo"
- "Anticomunismo"
- "Anticonservacionismo (embora com o entendimento de que grupos fascistas estavam dispostos a realizar alianças temporárias com outros setores, mais comumente com a direita)"
- "C. O estilo e a organização"
- "Tentativa de mobilização de massas com a militarização das relações políticas e estilo e com o objetivo de uma milícia de massa de partido único"
- "Ênfase na estrutura estética em encontros, símbolos e liturgia política, enfatizando aspectos emocionais e místicos"
- "Estresse extremo no princípio masculino e na dominação masculina, enquanto defendendo uma visão fortemente orgânica da sociedade"
- "Exaltação da juventude acima de outras fases da vida, enfatizando o conflito das gerações, pelo menos, para efetuar a transformação política inicial"
- "Tendência específica em direção a um estilo autoritário, carismático e pessoal de comando, se o comando for, em certa medida, inicialmente eletivo"[38]
Paxton vê o fascismo como "uma forma de
comportamento político marcado pela preocupação obsessiva com o declínio da
comunidade, humilhação ou vitimização e pelo culto compensatório da unidade,
energia e pureza, na qual um partido de massas de militantes nacionalistas
comprometidos, trabalhando em inquieta, mas colaborativamente efetiva com as
elites tradicionais, abandona as liberdades democráticas e persegue com
violência redentora e sem restrições éticas ou legais de limpeza interna e
expansão externa".[39]
Uma definição comum de fascismo se concentra em
três grupos de ideias:
- As negações fascistas de anti-liberalismo, anti-comunismo e anti-conservadorismo.
- Objetivos nacionalistas e autoritários para a criação de uma estrutura econômica regulada para transformar as relações sociais dentro de uma cultura moderna, auto-determinada.
- Uma estética política usando simbolismo romântico, mobilização em massa, visão positiva da violência, promoção da masculinidade e da juventude e liderança carismática.[40] [41] [42]
Posição no espectro político
Logotipo
do Partido Nacional Fascista
O fascismo é comumente descrito como "extrema-direita"[43]
[44]
embora alguns autores têm encontrado dificuldade em colocar o fascismo em um
espectro político esquerda-direita convencional.[45]
[46]
[47]
[48]
[7]
O fascismo foi influenciado pela esquerda e pela direita, conservadores e
anti-conservadores, nacionais e supranacionais, racionais e anti-racionais.[36]
Um número de historiadores têm considerado o fascismo ou como uma doutrina
centrista revolucionária, ou uma doutrina que mistura filosofias da esquerda e
da direita, ou como ambas as coisas,[48] [7]
não existindo assim, um puro centro, indistinto e não adjetivado, nem uma pura
posição extrema.[49]
O fascismo é considerado por alguns estudiosos como
de extrema-direita por causa de seu conservadorismo social e meios autoritários
de oposição ao igualitarismo.[50]
[51]
Roderick Stackleberg coloca o fascismo, incluindo o nazismo, que ele
diz ser "uma variante radical do fascismo", do lado direito,
explicando que "quanto mais a pessoa considerar a igualdade absoluta entre
todos os povos para ser uma condição desejável, mais à esquerda vai estar no
espectro ideológico. Quanto mais uma pessoa considera a desigualdade como
inevitável ou mesmo desejável, o mais para a direita será".[52]
O fascismo italiano gravitou para a direita no
início de 1920.[53]
[54]
Um elemento importante do fascismo, que tem sido considerado como claramente de
extrema-direita
é o seu objetivo de promover o direito das pessoas alegadamente superiores
terem dominação enquanto removendo elementos ditos inferiores da sociedade.[55]
Benito
Mussolini em 1919 descreveu o fascismo como um movimento que atingiria
"contra o atraso da direita e a destrutividade da esquerda".[56]
Mais tarde, os fascistas italianos descreveram o fascismo como uma ideologia de
extrema-direita em seu programa político A Doutrina do Fascismo,
afirmando: "Somos livres para acreditar que este é o século da autoridade,
um século tendendo para a 'direita', um século fascista".[57]
[58]
No entanto, Mussolini esclareceu que a posição do fascismo no espectro político
não era um problema sério para os fascistas e declarou que:
Fascismo, sentado à direita, também poderia ter
sentado na montanha do centro... Estas palavras, de qualquer caso, não tem um
significado fixo e imutável: eles têm um assunto variável em localização, tempo
e espírito. Nós não damos a mínima para essas terminologias vazias e
desprezamos aqueles que são aterrorizados por essas palavras. Benito Mussolini[59]
A posição de direita política no movimento fascista
italiano no início de 1920 levou à criação de facções internas. A
"esquerda fascista" incluiu Michele Bianchi, Giuseppe
Bottai, Angelo Oliviero Olivetti, Sergio Panunzio e Edmondo Rossoni, que
estavam comprometidos com o avanço do sindicalismo nacional como um substituto
para o liberalismo parlamentar a fim de modernizar a economia e avançar os
interesses dos trabalhadores e do povo.[60]
A "direita fascista" incluiu membros do
paramilitar Squadristi e ex-membros da Associazione Nazionalista
Italiana (ANI).[60]
Os squadristi queriam estabelecer o fascismo como uma ditadura completa,
enquanto os ex-membros ANI, incluindo Alfredo
Rocco, procuravam um estado corporativista autoritário para substituir o
Estado liberal na Itália, mantendo as elites existentes. No entanto, após
acomodar a direita política, surgiu um grupo de fascistas monarquistas, que
procuraram usar o fascismo para criar uma monarquia absoluta sob o rei Vítor Emanuel III da Itália.[60]
Depois que Vítor Emanuel III forçou Mussolini a
renunciar como chefe de governo e o colocou na prisão, em 1943, Mussolini foi
resgatado por forças alemãs e então passou a depender da Alemanha para ter
apoio. Mussolini e os demais fascistas leais fundaram a República Social Italiana, com Mussolini
como chefe de Estado. Mussolini procurou radicalizar o
fascismo italiano, declarando que o Estado fascista havia sido derrubado porque
o fascismo italiano tinha sido subvertido pelos conservadores e a burguesia
italianos. Em seguida, o novo governo fascista propôs a criação de conselhos de
trabalhadores e participação nos lucros da indústria, no entanto a autoridade
alemã que efetivamente controlava o território da República Social (norte da
Itália), neste ponto, ignorou estas medidas e não procurou aplicá-las.[61]
Vários movimentos fascistas descreveram-se como um
"terceira posição" fora do espectro político
tradicional.[62]
O líder falangista espanhol José António Primo de Rivera disse:
Basicamente, a direita significa a manutenção de
uma estrutura econômica, ainda que uma injusta, enquanto a esquerda tenta
subverter essa estrutura econômica, embora a subversão da mesma implicaria a
destruição de muita coisa que vale a pena.[63]
Na análise política contemporânea, pode-se
caracterizar o fascismo por uma "especificidade perturbadora". Por um
lado, trata-se de doutrina claramente antimarxista, antidemocrática e que no
regime italiano gerou a perseguição da classe operária. Por outro lado,
professou o antiliberalismo com uma retórica revolucionária anticapitalista e
antiburguesa
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