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sexta-feira, 17 de maio de 2019

TEORIAS DEMOGRÁFICAS


Acesso: 16/05/2019

As principais teorias demográficas são: a malthusiana, a neomalthusiana, a reformista e a transição demográfica.
Essas teorias são instrumentos utilizados para o crescimento da população. Entre os fatores considerados estão o crescimento natural ou vegetativo e a taxa de migração.

Teoria Malthusiana
Elaborada por Thomas Malthus em 1798, essa teoria indica dois postulados:

Primeiro postulado de Malthus
As guerras, desastres naturais e epidemias são um meio de controle do crescimento desordenado da população. Na falta de qualquer um desses eventos, a população tenderia a duplicar no período de 25 anos.
Malthus explica que o crescimento seria em progressão geométrica: 2,4,8,16,32. E esse crescimento ocorreria sem parar.
Segundo postulado de Malthus
Enquanto a população cresceria de maneira geométrica, a oferta de alimentos só ocorreria em progressão aritmética: 2,4,6,8,10. Ou seja, não haveria alimentos para todos. A principal consequência seria a fome.
Para Malthus, além da escassa oferta de alimentos, era considerado o limite territorial. O teórico, haveria um momento em que toda a área agricultável do planeta estaria ocupada. E, com a população crescendo sem nenhuma forma de controle, o Planeta entraria em colapso sem alimentos.
Como forma de evitar o problema, Malthus sugeriu que as pessoas tivessem filhos somente se pudessem ter áreas agricultáveis para o suportar. Ele era um pastor anglicano e, na época, contra a aplicação de métodos anticoncepcionais. Por isso, seu conselho foi denominado sujeição moral.
Crítica à teoria
Na época em que foi elaborada, a teoria de Malthus resultou da observação de uma limitada área de comportamento rural. Não foi prevista a urbanização, a tecnologia aplicada à produção de alimentos e a distribuição irregular das riquezas do Planeta.

Teoria Neomalthusiana
Essa teoria aponta que uma população jovem e em elevada quantidade necessita de pesados investimentos em educação e saúde. Em consequência, cai a oferta de recursos para a produção de alimentos.
A teoria neomalthusiana defende que quanto maior o número de habitantes, menor a possibilidade de distribuição de renda.
Os postulados dessa teoria foram discutidos a primeira vez no fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Na conferência de paz que deu origem à ONU (Organização das Nações Unidas), foram discutidas as estratégias para evitar uma nova guerra.
Os participantes concluíram que somente a paz pode reduzir as desigualdades. Nesse contexto, houve a tentativa de explicar a fome nos países pobres com a elaboração da teoria neomalthusiana.
Críticas
Embora mais evoluída, a teoria neomalthusiana tem a mesma base teoria de Malthus, que aponta o excesso populacional como responsável pela escassez de alimentos.

Teoria Reformista
Essa teoria é uma inversão das duas anteriores. Ela defende que é preciso enfrentar os problemas sociais e econômicos para que exista o controle espontâneo de natalidade.
O número de filhos cai à medida em que as famílias são atendidas com serviços de melhor qualidade e elevam o padrão de vida.
As conclusões foram retiradas de países desenvolvidos, com elevada população jovem e onde as taxas de natalidade caíram de maneira espontânea sem nenhum dos eventos citados por Malthus. Também nesses países não foram verificados os princípios da teoria neomalthusiana porque os jovens tinham acesso a emprego e, em consequência, a produção de alimentos era adequada e suficiente.

Teoria da Transição Demográfica
Elaborada em 1929, essa teoria aponta que o crescimento da população passa a ser equilibrado a partir da redução das taxas de natalidade e mortalidade.

Essa teoria é dividida em três fases:

Fase pré-industrial
Nessa fase, havia baixos índices de crescimento vegetativo em consequência de condições sanitárias inadequadas, guerras, fome, doenças, entre outros.
Fase Transicional
Como consequência da Revolução Industrial, há também maior investimento em pesquisa médica e grande crescimento populacional. A natalidade passa a cair à medida em que o acesso à tecnologia cresce.
Fase Evoluída
Equilíbrio demográfico bom baixas taxas de natalidade e mortalidade. Foi alcançada pelos países desenvolvidos.




domingo, 5 de maio de 2019

POPULAÇÃO, NUNCA FOMOS TANTOS



O planeta tem 7,6 bilhões (seis bilhões[sic] Dados do ano da publicação) de moradores e, em 50 anos, pode passar dos dez bilhões. Para manter a casa em ordem será preciso ter menos filhos, investir em educação e distribuir melhor os recursos


A cada segundo que você demorar lendo esta reportagem, 4,3 bebês estarão nascendo em algum lugar do planeta. Serão 258 nascimentos por minuto, 15 480 por hora, 371 520 por dia. Daqui a um ano, mais de 130 milhões de pessoas estarão se somando aos atuais 6,1 bilhões, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), todas competindo por espaço, comida e água – e produzindo lixo. Se você acha que isso é motivo de preocupação, acertou.
Alguém que pudesse se lembrar da vida no ano 10 000 a.C. provavelmente sentiria saudade daqueles tempos. A população mundial não passava de seis milhões de pessoas e crescia ridículos 0,008% ao ano. Não havia congestionamentos, filas ou burocracia, muito menos poluição, efeito estufa, animais em extinção e outros distúrbios da natureza provocados, direta ou indiretamente, pela proliferação da espécie humana. Em compensação, quem conseguia viver mais do que 20 anos, média de vida daquela época, podia ser considerado um sortudo. Muito tempo depois, no ano de 1750 da nossa era, alcançar os 27 anos ainda era motivo de comemoração. Hoje, porém, enquanto a população mundial aumenta a uma velocidade de 1,3% por ano – ou novos 77 milhões de pessoas -, a expectativa de vida mundial chega a 65 anos. Ou seja, além de sermos cada vez mais numerosos, conseguimos viver mais tempo, exigindo e consumindo mais recursos do planeta.
O fantasma da escassez de alimentos, que, no século 18, levou o inglês Thomas Malthus a formular seu Princípio da População, defendendo a impossibilidade de a produção mundial acompanhar o crescimento da população, hoje se revela um tema polêmico. Segundo estimativas da Food and Agricultural Organization (FAO), da ONU, a produção global de alimentos nas próximas décadas deverá continuar crescendo mais rápido que o consumo. Apesar disso, mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo continuarão passando fome, não por falta de recursos naturais, mas como conseqüência de fatores econômicos, políticos e sociais, como a má distribuição de renda. “O problema não está relacionado à quantidade de bocas a serem alimentadas, mas à falta de dinheiro para comprar os alimentos”, explica Roberto Luiz do Carmo, pesquisador do Núcleo de Estudos de População (Nepo) da Unicamp.
De acordo com estimativas da ONU, em 2050 a população mundial deve ficar entre 7,9 e 10,9 bilhões, com maior probabilidade de atingir um patamar médio, 9,3 bilhões. Números astronômicos, mas que pouco significam vistos isoladamente. “O fato de existirem sete ou dez bilhões de pessoas não representa por si só um perigo para o planeta”, afirma Heinz Dieter Heidemann, professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo. “O impacto humano no planeta não é apenas conseqüência direta da quantidade de gente, mas principalmente dos danos ambientais causados para produzir o que as pessoas necessitam.”
O que pode ser feito
Estabilizar a população mundial depende basicamente de desencadear, nos próximos anos, uma verdadeira revolução no comportamento reprodutivo dos países em desenvolvimento. Se, nas décadas passadas, países como Índia, China, México e Brasil, entre outros, recorreram a agressivos programas de contenção da natalidade, incluindo esterilização em massa para diminuir o crescimento populacional, hoje existe um consenso de que a mais eficiente medida para esse controle é promover o acesso da população à educação, inclusive sexual.
O Fundo Populacional da ONU, criado em 1969, vem promovendo encontros mundiais para discutir propostas de como levar informações sobre planejamento familiar às populações dos países em desenvolvimento. Durante a Conferência Internacional Sobre População e Desenvolvimento (ICPD), realizada no Cairo em 1994, 180 países avalizaram um plano de ação que garante o direito de os casais decidirem o tamanho da sua prole, sem nenhum tipo de coerção. Nesse programa, os países se comprometem a traçar políticas sociais que, até 2015, proporcionem a homens e mulheres noções de métodos contraceptivos, cuidados pré-natais e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. O cumprimento dessas metas foi avaliado em 1999, em uma sessão especial da Assembléia[sic] Geral da ONU, batizada de ICPD+5.
Paradoxalmente, enquanto os países menos desenvolvidos procuram conter o crescimento demográfico, o Primeiro Mundo vive uma situação oposta: o declínio populacional. Em diversos países europeus, a taxa de fertilidade é de apenas 1,5 filho por mulher, enquanto os demógrafos afirmam ser necessária uma taxa de fecundidade de 2,1, no mínimo, para manter a força de trabalho nos mesmos patamares de 1995 sem ter de abrir as portas para os imigrantes – possibilidade que provoca verdadeiro pavor entre os europeus. Só para ter uma idéia, no ritmo atual, até 2050 a Espanha e a Itália sofrerão uma redução populacional de 21% e 25%, respectivamente.
A solução para países como esses é incentivar os casais a procriar. Para isso, a Suécia, que, atualmente, preside a União Européia, sugeriu aos outros membros a implantação de um programa social baseado em seu próprio modelo, que inclui licença-maternidade de 12 meses (ampliada para 13 meses a partir de 2002) e ajuda financeira mensal de 100 dólares para cada filho, até os 18 anos. Graças a essa política, a Suécia será um dos poucos países europeus a ter, em meados do século 21, uma população maior do que a atual.
Outra questão crucial para o futuro da humanidade é avaliar até que ponto o desenvolvimento científico e tecnológico pode criar saídas para alimentar o maior número possível de pessoas e qual o custo ambiental disso tudo. O exemplo mais evidente são as manipulações genéticas para aumentar a produtividade de rebanhos e colheitas, que proprocionam alimentos mais baratos, mas cujo impacto ambiental ainda é desconhecido. “Junto com os cereais transgênicos podem estar sendo criadas mutações, como superpragas resistentes aos pesticidas”, diz Roberto do Carmo, da Unicamp.